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BIOGRAFIA

             Sempre  tive a cabeça no espaço literalmente, fã de Jornada nas estrelas amante de ficção científica, apaixonada pelo programa espacial assim foi minha vida até passar para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro para o curso de  medicina que começou em 1978 e terminou 1983.

             Não foi uma jornada fácil porque exigiu muito sacrifício pessoal e familiar. Meu avô era médico  obstetra, na época já idoso e praticando medicina generalista ele me mostrou esse maravilhoso mundo médico, me incentivando de todas as formas possíveis e claro sempre com uma pontinha de esperança que eu seguisse sua própria especialidade obstetrícia. Meu pai economista sonhava com um a filha cardiologista. Minha mãe e irmãos também foram muito importantes nessa jornada especialmente tendo muita paciência. Imagina a "chata de galocha estudando 15 h por dia" imagina meu humor e meu clamor por silencio na casa.

            Estudei durante vários anos com foco no vestibular mas quando a hora chegou foi apenas uma tentativa e lá estava eu em uma das mais prestigiadas faculdades em sua época.

            Não tive nem tempo para curtir minha vitória. A faculdade começou e eu precisei de muita dedicação. Percebi rapidamente que precisava sugar todo conhecimento oferecido pela universidade de canudinho,  era uma época de baixa tecnologia, o conhecimento era realmente passado apenas nas sala de aula livros e revistas. Muito para aprender e eu só tinha seis anos. Podem acreditar estudei na época pré- celular e isso com certeza ajudou mais do que atrapalhou. O conhecimento tinha que estar na nossa memória. Era um exercício constante de construção de conhecimento.

           Fui muito privilegiada na época, estudei com colegas que eram brilhantes, estudiosos e muito inteligentes o que funcionou como um desafio intelectual. Os professores eram profundamente comprometidos e extremamente bem preparados. Chegávamos às 7 horas e as aulas ultrapassavam às 17 h.

          Quando cheguei na fase de frequentar as enfermarias do hospital Pedro Ernesto fiquei fascinada. Chegava às seis horas da manhã e me dirigia as enfermarias de outras especialidades para conversar com os pacientes. Sabia tudo de todos os pacientes. Bons tempos que possuía uma memória invejável. Amava o hospital e a vida que estava construindo por mais dura e cansativa que fosse.

          Continuei estudando durante toda a faculdade e me preparando para fazer residência médica no mesmo hospital, afinal na minha cabeça ele me pertencia era meu. Conhecia e frequentava cada cantinho do meu querido hospital. Um outro aspecto da minha vida era  o caminho solitário , era muito introspectiva na época e assistia de longe colegas de turma fascinante com suas incríveis capacidades de entrosamento e festas lendárias que nunca frequentei, realmente estava focada em estudar para residência que era uma prova dificílima, além do mais eu realmente continuava com meus interesses em ficção científica e acho que definitivamente não conseguia me encaixar. Tinha apenas uma amiga com uma família muito legal, acho que as pessoa nos achavam antipáticas. Hoje entendo que éramos mesmo, mas porque estávamos em um universo paralelo.

           Por influência de um grande professor com uma importante formação humanística e um carisma incrível, logo cedo entendi que não seria uma boa especialista e sim queria do fundo do meu coração fazer a especialidade de clínica médica. Meu avô entendeu, me apoiou e nos deixou quando eu ainda estava no quarto ano. Meu pai pirou, tentou de todas as formas me convencer que se eu fosse clínica seria pobre,  na visão dele  médico teria  que fazer especialidade para obter prestígio ou porque especialidades com procedimento tem  valor agregado contribuindo para o sucesso financeiro.

          Meu pai também era muito carismático e digamos convincente,  mas  já era tarde demais para seus argumentos eu já era clínica na parte mais profunda da minha alma. Amava conversar com os pacientes, conhecer todos os aspectos da vida deles criando estratégias completas para melhorar suas vidas e conduzir a solução do problema médico que os afligia.

          Embora tenha enfrentado muitos desafios ao longo da carreira que é muito dura e competitiva e cheia de  obstáculos, acho que se não tivesse nos deixado em 1987 ele teria orgulho de tudo que eu conquistei, inclusive materialmente.

           Sem qualquer medo de enfrentar a vida como Clínica, despida dos preconceitos que cercam minha especialidade construí uma vida confortável para minha família e sem dúvida memórias extraordinárias. Tenho centenas de casos que compartilho com meus pacientes  e a experiência de vida não poderia ter sido mais rica.

            Na abertura de jornada das Estrelas tem um texto que sei de cor e repito como um mantra para mim mesma e que termina assim “ Indo onde nenhum homem (aí visto como humanidade) jamais esteve “. Busquei esse destino ao pé da letra. Depois de ser residente de clínica médica do Pedro Ernesto me tornei staff do hospital em clinica médica onde fiquei até me aposentar 2018.

            A vida neste hospital foi o desafio mais difícil da minha vida. Em uma época em que ficar no mesmo serviço a vida toda e construir uma sólida carreira neste micro universo morrer ou se aposentar no topo da carreira, o que alias alguns fizeram com maestria, novamente eu não me encaixava.

            Após oito  anos no hospital, seis de faculdade e dois de residência eu ainda não conhecia tudo, tinha muito interesse em administração hospitalar, acabei me especializando. Chequei minha pasta de diplomas com os “trocentos” cursos que fiz durante meu período de graduação e olhei para meu diploma residente e decidi conversar com alguns mentores que respeitava muito. Um deles me disse claramente que minha estratégia não lograria êxito na universidade que era conservadora. Foi quando me fiz a pergunta de "um milhão de dólares". Quem eu era? Eu queria ser igual a todo mundo? Mergulhei em um período de reflexão, senti angustia, sensação de fracasso, lembrei do meu pai, meu avô mas em nenhum momento tive medo do futuro, sempre acreditei em trabalho duro e resultados. Respirei fundo fechei os olhos e decidi que estaria em todos os locais possíveis do hospital para aprender tudo que pudesse em benefício de um bem maior, meus pacientes. Entendi que se iria lidar com pessoas, os títulos que adquirisse deveriam traduzir conhecimento e conhecimento acreditem é poder.

                 Tinha um professor que achava que eu simplesmente tinha dificuldade de manter o foco. Quando ele me disse isso eu fiquei profundamente afetada, mas fui analisar todos os meus resultados anteriores e percebi que meus resultados não só pessoais, como financeiros eram bem consistentes. A análise dele me arrasou, mas ao mesmo tempo me fortaleceu porque percebi ele me via através de sua visão de mundo, mas eu queria ir onde nenhum homem jamais esteve, isso era a mais pura tradução de aventura. Foi assim que percebi que eu era uma aventureira intelectual, nada de indiana Jones, desafios intelectuais, vencer ambientes difíceis, organizar coisas que ninguém conseguia. Embora tenha enfrentado preconceitos diversos nunca dei a mínima. Quanto mais difícil o desafio, eu colocava um objetivo nele quando atingia apenas ia embora do local e ponto, nunca olhei para trás.

                 Quando eu achava que não iria aprender mais nada em um lugar, partia sem qualquer culpa, com sensação de missão cumprida. Assim como a nave enterprise e sua tripulação em sua missão de exploração. No meu caso desse incomensurável universo médico.

                 Qual foram as minhas oportunidades? Atendi milhares de pacientes administrei ou ajudei administra ambientes hospitalares de alta performance sempre com foco em duas coisa: Como ajudar os pacientes ou instituições a superarem seus problemas com a menor quantidade possível de recursos. Não entenda esse pensamento de forma errada. Se você tem um problema e alguém para resolve-lo, é preciso gastar tempo energia e ter muito conhecimento para fazer isso de forma célere e escolhendo a menor quantidade de recursos adequados para obter resultados esperados. Simplificação e objetividade não confundir com displicência e irresponsabilidade.

                  Hoje o que mais valorizo é o tempo que passo com minha família. Adoro olhar para meus filhos que considero minha maior conquista, adoro a confusão do dia a dia, as rusgas com o marido acima de tudo adoro dar continuidade a minha vida profissional agora junto com meu marido em um negocio familiar e usufruir do conhecimento que meus filhos adquiriram.

           Ainda estou construindo minha história de vida são 41 anos dentro do universo médico ainda tenho tanto a aprender, acordo pensando quais serão os desafios de hoje quantos casos interessantes vou enfrentar, quais as estratégias vou precisar implementar para vencer os desafios, respiro futuro a nave continuará sua jornada ......

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